Acaso ou Destino

sábado, dezembro 23, 2006

A noite

Gosto da noite. Nela consigo saciar o meu prazer de observar os comportamentos alheios e ver suas atitudes.
Gosto de observar o outro, sempre fiz isso, talvez por ser mais calado e aprende-se a perceber apenas por um gesto a entender o seu significado. Ou não...
Estar num bar, como ontem, onde conheço as pessoas de vista, das vezes que frequento esse local e observar os grupos, sempre com suas danças. Das poucas vezes que lá vou, é fácil, imaginar antes de entrar quem lá está e com quem, e ainda em que local.
Somos animais previsíveis demais, que necessitamos de alguém ao nosso lado para nos sentirmos integrados. Eu próprio enquanto não chega alguém conhecido ali estou na minha, a beber umas bejecas e apenas observar. Quando chegam os meus conhecido, falo, e já tenho expressões. Antes disso ser observado pelos outros, devo ser um parado que ali está sozinho com ar de ressabiado. Mas pouca gente consegue aguentar muito tempo assim na solidão, esse silencio mata e consome-nos interiormente, porque a pressão psicológica dos outros, mesmo que não estejam a ligar patavina a nossa presença, para nós é uma pressão enorme. Para mim é já uma rotina que levo na boa e essa pressão, já não me afecta e gosto de observar.
Os casais, que mal se falam, estão ali tão sós como eu. Os olhares cruzados, de desdém, de ódio, de sedução...
O funcionamentos dos grupos é como o funcionamento da sociedade, em que as pessoas se agrupam por interesse e algumas vezes por amizade.
Gosto da noite, onde não há hierarquias e qualquer um tenta aplicar o seu marketing social.
Continuarei sempre a ser um narrador e observador, apenas enquanto solitário, porque quando não o sou a noite para mim não tem interesse nenhum. A noite é usa para divertir, para quebrar a rotina e conviver. Mas para a maioria dos habitues é um escape, uma tentativa de fugir à solidão. E essa necessidade por vezes justifica as amizades futeis, porque ninguém quer estar na noite sozinho.

2 Comentários:

  • Em primeiro lugar, quero agradecer-lhe a visita...
    A noite... vejo-a como um escape sim, mas nunca à solidão... um escape ao teatro do dia a dia, mas é quase sempre solitária, ainda que no meio da multidão. Já não sou uma frequentadora assídua... fui, agora prefiro umas festitas caseiras para as amizades não fúteis!

    Por Anonymous Anónimo, Às dezembro 23, 2006 11:37 da tarde  

  • Kerida Marta,
    É a ternura dos 30, em que começamos inevitavelmente a mudar e a preferir alguma qualidade. Ainda vou frequentando algumas vezes a noite, que tanto é de descompressão como de colmatar alguma solidão, daí a associação também a essa solidão. Mas há muita gente que também a sente, só que por vezes não é perceptível.
    Boas festinhas caseiras, que rodeadas de bons amigos, valem por muitas noitadas. Tenho saudades dessas festas dos tempos de secundário, tempos que já não voltam :)
    Beijinhos

    Por Blogger Esteril, Às dezembro 24, 2006 2:17 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]



<< Página inicial