Acaso ou Destino

sábado, fevereiro 10, 2007

Destino de uma vida sofrida...

Por vezes deparo comigo a observar as pessoas à minha volta e fico normalmente sensível a algumas situações, principalmente a situações de pessoas que por infortúnio têm vidas sofridas.
Esta semana, na sexta-feira dia 9 de Fevereiro de 2007, estive em trabalho na Quarteira. Fui ver o início de uma obra de passagem de cabos em condutas que as pessoas normalmente, só reparam nas tampas que proliferam pelas nossas estradas e passeios. Existem várias infra-estruturas do género que são diferenciadas, dependendo do seu tipo. As pessoas têm de andar metidos nos buracos para fazer passar os cabos de caixas em caixas até executar o projecto pré-definido. O trabalho em si não tem nada de indigno, é apenas um trabalho em que as pessoas se sujam, mas que requer algum esforço e empenho na tentativa de ultrapassar algumas dificuldades.
Mas neste caso quero apenas falar dos trabalhadores. O responsável era português e contratou os restantes trabalhadores, quatro, que eram de nacionalidade Polaca, penso eu. Três deles jovens, um deles se tinha 18 anos era muito, incansáveis no seu esforço, sempre a correr de um lado para o outro seguindo as instruções que lhes eram dadas. O quarto um senhor mais velho, provavelmente com mais de 60 ou 65 anos, humilde e sempre calado como todos eles, à excepção de um que era mais reguila e atrevido, que brincava e comunicava connosco.
Quando o meu colega perguntou ao senhor de mais idade qual a origem dele, ele respondeu com um jeito que me fez ficar sem palavras, não porque fosse sofrido, mas pelo sorriso tímido e pela expressão de resignação.
Imaginam vocês pelo que estas pessoas têm de passar, para fugir á fome, para tentar sobreviver, abdicando de qualquer tipo de formação, que não lhes serve de nada, apenas para tentar todos os dias encontrar trabalho que lhes permita levar algum alimento para as suas famílias.
Imaginem a dor que deve ser, ter de sujeitar a qualquer coisa em nome da sobrevivência. Fico sempre sensibilizado, mas não posso fazer nada, pois não está nas minhas mãos mudar o mundo. Mas estas pessoas são muitas vezes mal pagas por trabalhos duros, sem direito a qualquer tipo de apoios na saúde, nem educação dos mais novos.
É muito triste viver assim. Imagino sempre um dia se me tiver de acontecer o mesmo e ter de ir para um país qualquer estrangeiro, sujeitar-me a fazer qualquer trabalho. Ouvir os gritos dos encarregados grosseiros e ter apenas de executar, pois tenho fome e preciso de me alimentar.
É duro meus caros viver assim, ter uma vida infeliz, mas ao mesmo tempo é sensibilizador ver a expressão deles, principalmente do senhor mais velho, como que a dizer por expressão facial, a dádiva que é terem esta oportunidade e terem algo para fazer. Venham agora dizer-me como no caso do aborto, que só não tem condições quem não quer.
Por favor, pensei um pouco numa pessoa carenciada. Parem apenas 10 minutos a apreciar o seu modo de sobrevivência e, questionem-se sobre os sentimentos que tais pessoas devem ter, pelos sacrifícios que devem passar.
Queria ter oportunidade de fazer algo, se tivesse o sorte de ganhar algum prémio de lotaria, uma das coisas que queria fazer era pegar nestas pessoas e proporcionar-lhe tudo o que a vida lhes tirou e, pelo que eles lutam todos os dias. Lutam apenas por um pedaço de pão que a todos devia ser dado sem por direito.
Mas eu agora estou sentado aqui a escrever, com todas as mordomias que vou conseguindo juntar, por ter algumas sorte de viver no país que ainda não chegou a tal extremo de pobreza. Será que um dia não vai lá chegar?
Eles todos os outros que lutam pela sobrevivência, estão certamente com alguma alegria aparente, que qualquer ser humano consegui ainda assim ter, a viver em condições materiais minímas. Tenho pena pelo infortúnio que é ter uma vida assim infeliz. Espero nunca ter um azar tão grande como este. Por vezes dizemos que não temos sorte, eu próprio reclamo veemente com algumas injustiças, que tendo direito a fazê-lo, mesmo assim sou um sortudo pela vida que tenho.
É apenas uma reflexão, como tantas outras que me ocorrem quando observo os seres humanos nesta vida, nesta passagem.
Será acaso ou destino ter uma passagem assim?

31 Comentários:

  • Hoje assino em baixo do teu post. É muito triste realmente. Trabalhei durante 2 anos com dois Ucranianos, simples, humildes e trabalhadores. Chegaram a Portugal sem nada e com a obrigação de mandar dinheiro para as suas familias poderem comer. Fomos nós colegas de trabalho que lhes demos roupa, louça, etc.
    Viveram numa casa pré-fabricada velha, que lhes foi disponibilizada pelo nosso patrão a custo zero. Diziam mtas vezes q tinham sorte... e eu sentia-me pequenina porque podia ajudar (e tb ajudei) e reclamava do meu azar.

    Por Blogger Marta, Às fevereiro 10, 2007 11:50 da tarde  

  • sabes... a vida e tão fácil e tão dificil... desde q nos consiguamos lembrar de onde vimos e para onde vamos... e julgar??? julgar o q??? quero q me julgem??? nem por isso... está na altura de nos aceitar-mos e sermos felizes.. como somos.... e ajudar-mos os outros a serem....

    Por Blogger bublicious, Às fevereiro 11, 2007 12:53 da manhã  

  • Marta,
    A sorte é diferente para cada pessoa, e em cada momento. Se hoje ganhasse uma lotaria, eu diria que tive sorte. Para esses Ucranianos, Moldavos, Polacos, ou de qualquer nacionalidade, sorte, é ter trabalho. Qualquer um de nós reclama por coisas que na realidade também temos direito de reclamar, mas o direito à comida, que é um instinto de sobrevivência é um "direito" para o qual não devia ser necessário ter "sorte". O que me sensibiliza mais é os idosos que já deviam estar calmamente a gozar da sua reforma e estão ai, como podem a fazer pela vida. Mas nós fazemos qualquer coisa, que eles agradecem muito e ficam-nos gratos eternamente, mas será que não se podia fazer mais? Acredito que sim, mas somos humanos e por isso não abdicamos de tudo pelos outros.

    bublicious,
    Eu detesto pessoas que julgam por dá cá aquela palha. Eu julgo também, e quando o faço para pessoas incompetentes e filhos da mãe, só me apetece sei lá o que. Mas não julgo atitudes, ou tento não o fazer, tento ser tolerante, mas a minha condição de humano, pode atraiçoar-me, e eu combato contra isso. Nesses momentos, se me alertarem, agradeço, mas não admito que me julguem só por um pequeno acto, porque ninguém sabe o que isso me pode ter afectado e feito mudar, para me estar a julgar. Tolerância...

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 11, 2007 12:30 da tarde  

  • Pois é...fiquei sem palavras, mas obrigado por nos fazeres pensar num assunto tão delicado, doi-me o coração só de pensar ke estas pessoas lutam por um pouco de alimento e conforto, espero que nenhum de nós aqui tenha ke passar por estas vidas, e nada de dizer...não tenho sorte nenhuma na vida!
    Tens bom coração...não mudes!

    Beijokas on skin

    Por Blogger Skin on Skin, Às fevereiro 11, 2007 6:10 da tarde  

  • Skin,
    Eu sei que tenho bom coração, mas as vezes também é velhaco e frio, mas no fundo quero o bem e desejo-o para quem é humano!
    As vezes passamos ao lado de situações semelhantes e nem reparamos, nem nos damos conta de que alguém por vezes apenas precisa de um pão para enganar o reor do estomago e mesmo assim consegue sorrir. Não posso fazer muito, mas se um dia puder fazê-lo, não vou deixar de o fazer.
    Obrigado, beijos "on skin" ;)

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 11, 2007 6:18 da tarde  

  • Este comentário foi removido pelo autor.

    Por Blogger Magia, Às fevereiro 11, 2007 7:24 da tarde  

  • Acaso ou destino ?

    ...

    Tenha o nome que lhe quisermos dar...é triste! Muito triste...!
    Uma realidade...uma triste realidade!

    Gostei da forma como escreveste acerca deste assunto...

    Por Blogger Magia, Às fevereiro 11, 2007 7:25 da tarde  

  • .*.Magia.*.
    era bom que fosse possível por .*.Magia.*. resolver estes problemas sociais. Infelizmente cada vez há mais realidades destas em todo o mundo.
    bjs

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 11, 2007 7:43 da tarde  

  • Esteril, (confesso q ainda não percebi este nick.... acho q tem tudo menos haver contigo)

    Fiquei com uma curiosidade q não foi desvendada neste txt... qual era a nacionalidade do senhor mais velho???

    bjnhs

    Por Blogger bublicious, Às fevereiro 11, 2007 10:21 da tarde  

  • bublicious,
    Foi perguntado ao sr. mais velho a sua nacionalidade, ao que tenho a impressão de ele ter dito ser Polaca, os outros não perguntei, mas deviam ser todos da mesma nacionalidade, se calhar até da mesma família. Mas a nacionalidade como disse no texto era o menos importante, pensei naqueles como pensei em qualquer pessoa que passa por esses problemas sociais, mesmo até sendo Portugueses.

    Quanto ao nick, não tem nada de mais, não sou estéril (que não pode ter filhos; incapaz de procriar; infecundo), é apenas um nick, que em tempos usei e que no qual tem embutido o meu nick mais antigo desde à mais de 10 anos, que por razões de confidencialidade não usei ;), mas não tem nenhum significado especial, além de suscitar alguma curiosidade e provocação.
    bjs

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 11, 2007 10:43 da tarde  

  • Escreveste aqui grandes verdades. E, se queres saber, fico feliz por quem nunca olhou para o lado e viu esse mundo feio. Não dizem que a sabedoria é amiga da felicidade? Viva a ignorância de quem não vê o que está à frente dos olhos.
    Quanto ao que podemos ou não fazer, já percebi por experiência própria, que, às vezes, o facto de mostrar interesse, ter uma palavra simpática ou até dar um abraço, constitui a diferença entre alguém querer viver ou querer morrer...

    Bj.

    Por Blogger GK, Às fevereiro 11, 2007 11:52 da tarde  

  • Deveriamos reclamar menos da vida por que muitas vezes temos tudo e achamos que não temos nada.Uma vez meus pais ajudaram um casal bem jovens,eu deveria ter uns 10 anos mais nunca me esqueço que a moça vivia dizento que o pouco que ela ganhava no emprego para colocar comida dentro de casa para ela ,seu marido e seu padraso e mãe.Mas sua mãe nunca comprava comida dava tudo para o padraso que dizia ir em busca de serviço,mais era mentira por que sempre voltava bebado da rua.ETC...
    É por isso que eu fico super braba com algumas pessoas que eu conheço,elas tem tudo e sempre achando que não tem nada,com que tem pessoas que as vezes perdem a visão,um braço,uma perna e sempre continuam á sorrir.

    Adorei teu texto muito bom para fazer nós refletir e reclamarmos menos.


    Um abraço.

    Por Blogger Escorpiana Explosiva, Às fevereiro 11, 2007 11:56 da tarde  

  • GK,
    fiquei um pouco confuso sobre o que dizes no 1º paragrafo, pois dizes que ficas feliz por quem não repara nesse mundo feio. A ignorância por vezes pode ser menos dolorosa, mas quando tudo está á vista de todos, se calhar é um pouco de egoísmo, não reparar, bem sei que não temos culpa, nem dever de nos substituir aos deveres do estado, mas por vezes como tu bem dizes, apenas um sorriso pode fazer mudar o mundo e dar a força a clarividência que algumas pessoas precisam para lutar.
    bjs

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 12, 2007 12:03 da manhã  

  • escorpiana explosiva,
    obrigado pelo teu comentário, e tens razão, só quem tem de se adaptar a algum infortúnio é que sabe dar o verdadeiro valor a coisas que nós diariamente nem reparamos que temos, e que são tão divinas, como um simples caminhar livremente sem depender de ninguém.
    Viver é belo, mas por vezes a beleza está em ver alguém lutar e sorrir, quando tem tão pouco. Para os indiferentes, se calhar um dia o destino lhes vai bater à porta e fazê-los ver a vida de outra forma.
    bjs

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 12, 2007 12:07 da manhã  

  • Vim até aqui atraida por um comentário que deixaste num blog.A profundidade das palavras que lá deixaste tocaram-me.Ao chegar aqui e deparar-me com uma reflexão tão profunda e tão sentida, tão real e ao mesmo tempo tantas vezes por nós ignorada, impediu-me de sair daqui sem te deixar uma palavra.Um agradecimento.Acho que hoje vou adormeçer a pensar nisso...Boa noite.

    Por Blogger Sónia, Às fevereiro 12, 2007 2:39 da manhã  

  • Realmente passamos a vida a reclamar da vida, quando há vidas tão piores, tão sem sentido, sem esperança...

    Beijinhos

    Por Blogger Unknown, Às fevereiro 12, 2007 9:57 da manhã  

  • Crystal,
    obrigado pelo teu comentário, é bom reflectir e se pudermos ajudar nem que seja com um sorriso, ou da forma que o pudermos. Só o facto de reflectirmos já é importante, pois é sinal que nos mudou um bocadinho interiormente, quiçá nos fazendo ser mais humanos e menos egoístas no dia a dia.
    Não terá sido por acaso que aqui vieste, se quiseres lê o post "Foste tocado por mim..." é bom para descontrair e veres que sou um tanto ou quanto maluco :))
    Reflectir mas não dramatizar, pois a sorrir se vive melhor ;)

    Vera,
    A esperança nunca deve morrer é ai que podemos muitas vezes ajudar, não deixando que as pessoas desistam de sonhar.

    bjs às duas

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 12, 2007 10:58 da manhã  

  • Olá ;)
    Obrigada pela visita. Vou voltar ao teu blog com mais calma...
    Bjs e boa semana!

    Por Blogger Catarina, Às fevereiro 12, 2007 1:55 da tarde  

  • catarina,
    thanks, volta sempre.
    bjs

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 12, 2007 2:01 da tarde  

  • gostei deste texto, bastante consciencioso! e faz-nos pensar q o facto de tirarmos uma nota baixa na faculdade n é motivo para dizermos q temos uma vida infeliz!

    acho q a felicidade contínua n existe. existem momentos de felicidade e momentos de infelicidade! sao os altos e os baixos da nossa vida...

    *** bjinho

    Por Blogger TP *, Às fevereiro 12, 2007 3:45 da tarde  

  • Não podia estar mais de acordo contigo. E sabes o que me entristece é o n/ país ter sido um país de emigrantes e agora tratar muitas vezes tão mal os q cá chegam.
    Só para teres uma ideia tive a oportunidade de há dias trocar umas palavras com um casal Bulgaro, que emigraram para cá com 45 anos, à cerca de 7 anos. Deixaram filhos e netos na Bulgária e vieram para cá para lhes poderem pelo menos mandar dinheiro para comida. Quando chegaram a Guimarães, traziam algum dinheiro Bulgaro no bolso, mas nenhum banco lhes trocou esse dinheiro em Euros, pelo que nem podiam comida comprar. No novo trabalho os colegas, apesar de saberem o que se estava a passar, nem uma mão lhes estenderam, pelo que passaram 3 semanas a comer maçãs e a beber água. Até que um dia o patrão a viu chorar na hora de almoço, sentada na máquina de costura, qdo ela lhe contou que chorava porque tinha fome, ele pegou nela levou-a a um supermercado encheu-lhe a dispensa. Pelo menos este patrão tinha coração.
    Será que custa assim tanto estender uma mão a um emigrante? Não deveriamos nós ser um país exemplar na recepção de emigrantes?

    Eu, como quase toda a gente, tenho dias q reclamo o meu azar. Mas realmente deveria era agradecer a minha sorte todos os dias da minha vida.

    Beijinhos para ti e continua....

    Por Blogger Bia, Às fevereiro 12, 2007 3:53 da tarde  

  • Acaso ou destino?

    Boa pergunta...
    Eu já tive a oportunidade de viver estudar e trabalhar em vários países.
    Foi uma oportunidade que agarrei com as duas mãos.

    Quando se vai para um outro país à procura de trabalho para sustentar uma família que deixamos na nossa terra natal, sujeitamo-nos aos mais variados trabalhos, mesmo tendo habilitações e capacidades para outros.

    Conheci vários engenheiros e doutores que em Portugal só encontraram uma oportunidade de trabalho como varredores numa câmara municipal.

    Acaso ou destino?

    Não sei, mas luto contra o destino, na esperança de poder realizar todos os meus sonhos.

    Beijinhos

    Por Blogger Lia, Às fevereiro 12, 2007 4:23 da tarde  

  • Adorei este post... simplesmente porque vejo alguém a defender os emigrantes do leste!

    Porque a maioria dos portugueses já se esqueceram que fomos e somos um pais de emigrantes... e o que sofreram para juntar uns trocos para portugal.

    Hoje vejo portugueses a falar mal e a tratarem pior, os emigrantes do leste! memoria curta a nossa!

    Por Blogger Lara, Às fevereiro 12, 2007 8:47 da tarde  

  • Té § [Pi]menta =)
    ninguém é sempre infeliz, mas se calhar também raramente somos mesmo infelizes, o que não invalida que tenhamos momentos de menor felicidade. Depende de nós olhar sempre pelo lado negativo ou tentar sempre ver o lado positivo. Contra mim falo, pois por vezes sou pessimista, mas estou a mudar muito isso e acho que vou mudar para sempre.

    Bia,
    É essa a ideia que tenho aprendido a mudar dentro de mim. Afinal eu sou infeliz? Claro que não. Tenho saúde, tenho amigos qb, tenho dinheiro para comer, para me divertir e viver com o mínimo de conforto. Será que sou infeliz? Claro que não, já me senti infeliz que é diferente de o ser. Se calhar sempre fui feliz, só que não tinha tudo o que queria ter, se começar a agradecer e apreciar o que tenho como sendo uma dádiva e o ao qual tenho de me adaptar, lutando sempre por ter o que ambiciono, se calhar começo a ter menos momentos em que me sinto infeliz, pois nunca o fui. ;)

    Lia,
    É o instinto de sobrevivencia que referi. A necessidade é que por vezes nos leva ou desvia de determinado caminho.
    Quanto ao fugires ao teu destino, acho que nunca podes fugir de algo que só o é quando já aconteceu. ou seja, tu deves ser o que queres, o que ambicionas e o que o teu coração te diz para seres, no entanto, só será destino, quando já for passado, quando já tiveres um passado e disseres, este foi o meu destino, ou percurso de vida, ou história, chamando-lhe destino ou qualquer outra coisa ;)

    B.
    Eu defendo todas as pessoas que merecem, sejam brancos, pretos, amarelos, ou castanhos. Defendo as pessoas humanas e detesto os autoritários e todos aqueles que usam os mais frágeis (ou menos afortunados), sem escrúpulos.

    Agora para todas vocês que falaram em emigrantes, e da tradição de sermos um país de emigrantes, bateu-me na cabeça o seguinte;
    Será que é por eu ser filhos de emigrantes, que estiveram em Angola muitos anos, por eu próprio ser retornado, será por já ter passado por isso, por ter no meu subconsciente algumas marcas, pois vim de lá com 3 anos, mas tenho algumas memórias, mesmo que muito fugazes, tenho memórias de momentos em que vivia-mos mais de três famílias (meus tios e primos, cerca de 14 pessoas num apartamento), quando retornamos de África, sem nada na mão. Fomos apenas amparados por alguns familiares. Tinha-mos uma boa vida, qualidade de vida. Tinha-mos tudo, boa comida, bom peixe, boas praias, bom clima e uma vida estável, onde não explorávamos nenhum negro, como muita gente diz dos retornados. Viemos recambiados com a ameaça de guerra, que durou até à tão pouco tempo.
    Não sou fundamentalista (apenas contra os incompetentes, como os chefes...lol), não generalizo, sobre seremos um país de emigrantes e tratarmos mal os que para cá vêem à procura de uma nova oportunidade, pois somos muito mais vezes vistos de forma positiva, do que de forma negativa. Acredito que temos um povo solidário, se calhar os maus exemplos, por serem insensíveis, nos parecem ser em maior número, mas não tendo estatísticas sobre isso, creio que não somos tão maus assim. Mas podemos fazer muito mais, cada um de nós no nosso dia a dia, é isso que quis referir com a minha reflexão.

    Obrigado por todos os vossos comentários, é isto que eu gosto, de dialogar e crescer com as vossas opiniões, e se possível contribuir também de alguma forma para o vosso crescimento.
    Beijos

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 12, 2007 11:23 da tarde  

  • Lauxinha,
    A necessidade por vezes torna-nos grandes lutadores e conquistamos coisas que nunca imaginamos. O instinto de sobrevivência é animal, qualquer ser vivo o sabe usar quando tem fome!
    Entendo essa vergonha que referes, é um pouco isso que sinto, expressaste-o bem com essa definição. Sinto que não posso fazer muito, mas tenho vergonha do estado não fazer mais.
    Bem vinda mesmo que por acaso ;)
    bjs

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 13, 2007 2:39 da tarde  

  • Este comentário foi removido pelo autor.

    Por Blogger silvia, Às fevereiro 13, 2007 6:54 da tarde  

  • Não sei o que é realmente...
    Mas a vida tem tanto de bom como de mau. Temos que saber lutar...

    Agradeço a tua visita e as tuas palavras deixadas no meu espaço.

    Voltarei cá para te ler, ja tas nos links.

    Por Blogger silvia, Às fevereiro 13, 2007 6:55 da tarde  

  • São verdadeiras lições de vida. Exemplos com os quais aprendemos e enriquecemos. Nutro uma simpatia para com os emigrantes de leste que trabalham aqui na zona e tenho feito amizades com alguns, sobretudo com moldavos que são tão parecidos connosco.. Muitos dele são explorados pelos patrões e não recebem ordenado desde o natal e isso revolta-me. Aprendi igualmente muito aquando da minha viagem a cabo verde onde a simplicidade daquele povo tão pobre mas ao mesmo tempo tão feliz me marcou profundamente. É isto tudo que equilibra o mundo.. enfim.. Bjs, gosto imenso do teu espaço. Vim Aqui parar através da Crystal e em boa hora o fiz.

    Por Anonymous Anónimo, Às fevereiro 13, 2007 9:49 da tarde  

  • Isto e meu...Silvia,
    Vai aparecendo sempre que o acaso te trouxer até aqui.

    nxistence,
    Obrigado pela tua visita, pelo comentário que deixaste no "Foste tocado por mim...", dá para comprovar que eu sendo maluco, ainda vou tendo algum sentido :)
    Realmente para sermos feliz, nada precisamos a não ser de alegria e muitos de nós passamos a vida toda sem a encontrar e ela está tão perto, está dentro de nós...
    Cá te esperarei sempre que desejares aparecer.

    Beijos às duas

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 13, 2007 10:57 da tarde  

  • Concordo e discordo.
    (já sei que vou levar nas orelhas, mas adiante...)
    Há gente e gente, há pessoas que merecem tudo e há também aqueles que não merecem tudo.
    Há bom e mau em todo o lado.
    Não ponho todos os emigrantes no mesmo saco, nem todos são tão humildes, tão trabalhadores ou tão esforçados como o exemplo a que te referes.
    Há também aqueles que se aproveitam da imagem de coitadinhos que temos deles para obterem mais do que precisam, há os que não são humildes e que não respeitam ninguém, há os violentos, há... Bom e mau em todo o lado.
    É certo que também a mim me dói ver, como tu viste, a falta de humanidade que a humanidade tem, quer seja deste angulo, quer do outro.

    Será que me expliquei bem ou isto ficou demasiado confuso?

    Por Blogger Sexhaler, Às fevereiro 14, 2007 2:06 da tarde  

  • sexhaler,
    explicaste-te bem, eu entendi. Não dizes nada que eu não concorde, é verdade que não serão todos iguais. Há as máfias de leste bem espalhadas por ai. Mas o texto não era sobre emigrantes, era mais no sentido da necessidade de partir para um país desconhecido com uma mão à frente e outra atrás para sobreviver. Podendo aplicar-se também a pessoas residentes cá que não têm condições de vida. Deu um exemplo real para demonstrar a falta de humanidade que as vezes as pessoas têm de enfrentar. Mas se me comove os jovens, mais me comoveu ver o Sr. de idade, é como tu imaginares alguém da tua família, na idade da reforma, tendo necessidade de ir agora para o estrangeiro dar serventia para arranjar dinheiro para comer, será que consegues imaginar?
    Mas tens razão, que há que distinguir, para os que vêem para cá aproveitar-se e portar-se mal, não teria compaixão, eram recambiados logo...
    bjs

    Por Blogger Esteril, Às fevereiro 14, 2007 5:35 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]



<< Página inicial