Eu voto “SIM”
Incomoda-me ouvir tanta hipocrisia sobre o aborto e sobre a lei que vai a referendo. Os partidos políticos não fazem a defesa das suas convicções, fazem aproveitamento de mentalidades com dúvidas para tentar juntar forças de oposição, nada mais. Mas são burros, se pensam que se o lado por eles apoiado tiver mais votos e o lado do governo menos, que é um sinal contra o governo. Tanta hipocrisia que há neste país, fruto apenas da nossa mentalidade de terceiro mundo. Pessoas medíocres e pobres de convicções, que vão atrás do primeiro palerma que diz umas palavras bonitas, estudadas a fio por gabinetes de gestão de imagem. Dizem o que o povo quer ouvir, logo o povo os aclama, porque é fácil aceitar tudo sem questionar. Questionar faz pensar e as pessoas não gostam de pensar. Pensar para quê? Isso não me leva a lado nenhum, “pensam”!
O povo quer é novelas e big brother, ler revistas da treta, onde apenas se vêem fotos de supostos VIP’s, que não têm onde cair mortos, que vivem das marcas, que lhes sugam a imagem, para venderem os seus produtos. E lá andam eles felizes a comer e vestir de borla e no fundo são uns tristes, pois na realidade ninguém os ama de verdade. E o resto do povo, sonha ser como essa gente, pensando que eles são muito felizes, adorados, sonham ter a vida deles. Gente sem eira nem beira, sem vida própria como já disse antes. Deteste esta mentalidade de terceiro mundo, deste povo que me enoja por vezes. Felizmente ainda há muita gente que me dá provas do contrário e o resto das coisas, as inertes que este País tem, ainda me fazem adorá-lo e nenhuma pessoa pode contrariar isso.
Vinha á pouco a ouvir na rádio, um tempo de antena pelo “Não” ao referendo. Não percebi de quem era, mas certamente de gente muito hipócrita. Uma até disse que tinha cinco filhos e no quinto, teve de “perna aberta”, (tradução minha), para fazer o aborto desse filho que agora tinha ao colo. Mas tudo bem, ela escolheu não fazer e quem escolhe fazer, não tem direito a fazê-lo?
Quem é que tem o direito de julgar sobre a consciência dos outros?
Puta que pariu... para esta gente que teima em ter a mania que é idónea e de conduta intocável.
Puta que os pariu... que não passam de cínicos. Detesto gente cínica...
Quando é que uma mulher faz um aborto de animo leve? Digo eu que nunca. Há ai tanta gente a matar crianças já bem reais, indefesas e não se faz um referendo para a pena de morte ser aplicada a essa gente? Eu votaria “SIM”, também para a pena de morte para essa gente. Para os pedófilos, para os violadores, para toda a gente sem escrúpulos que fazem mal a pessoas indefesas.
O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que eu gosto de ouvir, que tem uma inteligência enorme, que tem um excelente espírito de análise e critica, a maioria das vezes imparcial e justa (a meu ver). Disse uma coisa no passado domingo sobre o aborto, pois ele é defensor do “Não”, que dizia qualquer coisa como, para ele se a lei dissesse que a despenalização das mulheres que fazem aborto fosse aplicada em qualquer altura, em qualquer semana, ele votaria “SIM”. Mas como só despenaliza até às dez semanas, ele vota “Não”. Há aqui alguma coerência? É pela despenalização sempre, e aqui podia despenalizar algumas vezes e então não despenaliza. Então quero ver quem é que depois vai mandar as mulheres para a cadeia, quero ver, vou exigir que o façam, que os defensores do “Não” peçam a condenação dessas mulheres.
Depois não vale dizer.
- Ah! Despenalize-se!!!
Então Sr. Prof. Marcelo, se a lei dissesse que despenalizava qualquer mulher que fizesse qualquer aborto a qualquer altura, podia ser até aos oito meses, você despenalizava? Pergunto eu que sou muito menos inteligente e burro. Quem é que iria fazer esse aborto a essas mulheres?
Seria feito de forma legal e com condições?
Ou iría prepectuar mais o aborto clandestino? Claro que quem o faria teria de o fazer clandestinamente. Logo, quem defende o “Não” e ao mesmo tempo diz que queria despenalizar. Está a ser hipócrita. Defende um voto que não quer ver cumprido. Pois se ganhar o “Não”, terão de condenar as mulheres apanhadas a morrer por terem feito um aborto clandestino.
Espete-se a faca quando ela chega ao hospital a sofrer. Mate-se logo essa mulher. Assim não se manda para a cadeia, pois aí não se terá de assumir a hipocrisia da lei.
E volto a perguntar eu. Podia até estar aqui a vida toda a dar comparações, mas não vou fazê-lo.
- Então porque se vota em gente que faz chacinas humanas, que manda pessoas para os campos de batalha? Aqui não há direito a referendo pela vida?
Não vi nenhum referendo... Até sou defensor de ter de se agir com a força por vezes, porque há seres que só á paulada é que aprendem, ou melhor, nem assim...
Se a ganhar o “SIM”, como espero, acham que vai liberalizar o aborto? Como usam de argumento os defensores do “Não”, para apelar aos indecisos, dando-lhes a ideia que se votarem pelo “Não”, estarão a ser muito conscientes e de conduta pura. Pura o camandro, para não dizer uma caralhada...
Não é por ganhar o “SIM”, que agora as mulheres vão fazer o aborto de animo leve, de consciência mais tranquila. Acham mesmo isso, defensores do “Não”?
“Ah! Pensa a mulher, tou de 4 meses, ou 5, ou 7... Porra que esta merda pesa!”
Diz-se que as mulheres amam logo os seus filhos assim que sabem da gravidez. Mas depois vão ter um ataque de estupidez e nessas alturas, só porque aquilo nunca mais sai e pesa.
“Porra, amanhã vou ali ao hospital, acabar com isto.”
É nisso que acreditam?
Quem fizesse um aborto dessa forma, não seria ela própria um “aborto” vivo? Como tantos que por ai há. Merecia uma criança viver com uma mãe dessas?
Eu preferia não ter nascido, para ser maltratado, violado a viver sem dignidade, sem a inocência de uma criança saudável e feliz.
Quero que as crianças sejam felizes e bem formadas, para depois não virem a ser “abortos” vivos. Antes um aborto consciente feito, por alguém que pondera as poucas condições que terá para dar à criança, do que um “aborto” ambulante que estorva e entope as mentes e sociedade em que vivemos.
Voto “SIM”. Votem em consciência, mas não pensem que estão a defender a vida, porque não estão. Pensem e reflitam nisso que falei. Não vão matar nenhum neurónio, eles foram feitos para pensar. Eles só morrem se você não os usar...
Permitam a vós próprios colocarem-se no lugar dos outros, dos que sabem que não terão condições para dar ao filho, dos que sabem que não vão amar essa criança. Tenham esse bom senso, pois se calhar quem opta pelo aborto, tem algum bom senso. Não é fácil, sei que não é, afinal se fosse fácil, não seríamos um país de terceiro mundo que é a cauda das caudas no que toca a comparações de educação e critérios de nações evoluidas, prósperas e cultas.
Voto “SIM”. Porque “SIM”.
Adoro as mulheres e as crianças, detesto gente cínica que defende o “Não” e depois hipocritamente o “SIM” à despenalização. (Grande Slogan)
Viver com leis hipócritas é melhor que permitir viver com leis ajustadas à realidade, pensarão os defensores do “Não”.
Mandem este link, aos seus amigos defensores do “Não” e eles que argumentem comigo, para ver quem tem poder de argumentação.
E para acabar, digo apenas “SIM”.
SIM à vida, à vida desejada.
SIM à vida amada.
SIM à morte da hipocrisia.
SIM porque SIM.